A demagogia como resposta à criminalidade


Por Antonio Rocha*


Em junho de 2013, diante da onda de manifestações que tomou conta do Brasil, em virtude da insatisfação popular para com os descasos dos governos, a presidenta Dilma, assombrada com o que estava acontecendo e sem ter soluções concretas para apresentar ao povo brasileiro, lançou a desculpa de que o país estava vivenciando aquilo porque o povo estava mais rico, e, por isso, tinha novas demandas. O argumento também foi reiterado pelo ex-presidente Lula e serviu de inspiração para os governos estaduais aliados do governo federal.

No início deste ano a imprensa brasileira noticiou as atrocidades que estavam ocorrendo no presídio de Pedrinhas, em São Luiz, no Maranhão. A falta de controle da situação, por parte do executivo estadual, colocou em evidência o governo de Roseana Sarney, aliado do governo Dilma e representante da oligarquia sarneysta que impera no Maranhão há décadas.

A violência registrada no presídio de Pedrinhas, e em outras regiões do Estado do Maranhão, retrata um pouco da realidade em que se encontram algumas regiões do país, no que tange ao alto índice de criminalidade.

Os fatos ocorridos naquele Estado chamaram à atenção, não somente pela crueldade das mortes, mas pela forma sarcástica com que o governo justificou o ocorrido. Roseana Sarney atribuiu à forte onda de violência, que tomou conta do Maranhão, ao fato de o Estado estar “mais rico”.  A justificativa da governadora, que chegou a ser publicada pelo jornal “O Globo”, ganhou destaque nacional e vem sendo copiada por outros governos semelhantes ao do Maranhão.
No Estado do Acre, o aumento da violência tem atingido índices alarmantes. De acordo com dados divulgados pelo jornal eletrônico ac24horas (www.ac24horas.com), em 19/05 do corrente ano, a quantidade de homicídios tem aumentado nos últimos quatro anos. Em 2011, primeiro ano da gestão de Sebastião Viana, foi registrado 138 homicídios. Em 2012, esse número subiu para 177, em 2013 foram registrados 196 e, em 2014, até o dia 12 de maio, 85 pessoas já tinham sido vítimas desse tipo de crime. Se comparados ao ano anterior, o número de homicídios registrados, este ano, já supera em 9% o registrado no mesmo período do ano passado, que foi de 78 casos. Esses dados, apesar de revelar uma realidade incompleta, visto que não inclui os demais tipos de crimes, como: assaltos, roubos, furtos, lesão corporal e outros que afligem a população acriana, ainda assim, nos permite visualizar a situação caótica em que se encontra a segurança no Estado do Acre.
O índice de criminalidade vem atingindo proporções tão alarmantes, a ponto de causar pânico na própria polícia. Recentemente, foi noticiado que os bandidos estão furtando as armas dos próprios policiais.
O incrível de tudo isso, é a forma sarcástica com que os governos lidam com essa problemática. Após a frustrada tentativa de distribuir apitos para a população com o pretexto de “combater” a violência, o governo de Sebastião Viana, através do secretário de segurança, copia os argumentos do governo federal e de sua aliada Roseana Sarney, e afirma que a alta taxa de homicídios registrada no Acre, se deve ao crescente desenvolvimento econômico do Estado. Isso seria cômico, se não fosse trágico. Mas, ao contrario do que alguns possam imaginar, as semelhanças políticas entre Acre e Maranhão são bem maiores do que parecem. A começar pelo tipo de governo, pois, tanto o Acre quanto o Maranhão, são governados por oligarquias arcaicas, que se utilizam de todas as artimanhas para se perpetuarem no poder. Outro fato comum, entre esses governos, é o envolvimento em várias denuncias de corrupção, entre as quais podemos citar como exemplo: No Maranhão, as denúncias de fraudes em licitações que colocaram em suspeição o programa de construção de unidades de saúde, do governo Roseana Sarney, cuja movimentação financeira girava em torno de quase meio bilhão de reais. No Acre, a Operação G-7, deflagrada pela Polícia Federal, que culminou com a prisão de empreiteiros, secretários do Estado e o sobrinho do governador, suspeitos de envolvimento em esquema de fraudes em licitações e outras ilegalidades.

Diante de tudo isso, pode-se concluir que as oligarquias vianista, no Acre, e sarneysta no Maranhão, atuam de forma semelhante e, por isso, se entendem, tão bem, no que concerne a delinquência política que ocorre nos dois Estados. Essa situação só mudará, quando a maioria da população entender o que se esconde por trás dos discursos demagogos do “povo estar mais rico” ou da sua nova roupagem de “crescente desenvolvimento econômico do Estado”, - que poderia muito bem ser substituído por “crescente endividamento econômico do Estado” - e reagir contra os oligopólios que, despoticamente,  (des)governam esses Estados. 


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É servidor público do Estado do Acre, lutador social e acadêmico do curso de Ciências Sociais da UFAC.

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