Entre solidariedade e demagogia Governo promete entregar casas populares


Durante esses dias, tenho acompanhado a aflição das pessoas frente à tragédia que se abateu sobre milhares de famílias espalhadas pelo território acriano. Na capital Rio Branco, não diferente de outros municípios, bairros inteiros encontram-se submersos. Pessoas desoladas clamam por socorro e, solidariamente, recebem ajuda de voluntários para salvar parte de seus bens materiais.
A sociedade civil tem ajudado as vítimas da enchente, efetuando doações de alimentos, contribuindo com o transporte de bens materiais ou cedendo partes de suas residências para abrigar as pessoas conhecidas ou guardar seus pertences.
O poder público, através dos governos municipal e estadual, apresenta seus planos de contingências na tentativa de garantir abrigo e alimentação aos desabrigados. Afinal, em situações como esta, as vaidades devem ceder espaços para a cooperação e a solidariedade.  

Lamentavelmente, alguns políticos demagogos, não perceberam isso. E tentam se aproveitar deste momento desesperador para pousarem de “heróis”. Os falsos super-homens apresentam-se como se fossem enfrentar a fúria da natureza para salvar as vítimas da alagação. Basta acessar os sites de notícias ou abrir os jornais para perceber os diversos tipos de apelações, que variam desde aparições em fotos transitando em áreas alagadiças, até os passeios de barco para “constatar a situação dos espaços alagados”. Deixam, com isso, de cumprir suas tarefas executivas ou legislativas no sentido de agilizar a implementação das políticas públicas necessárias para resolver ou, ao menos, minimizar os problemas ocasionados pelas enchentes que atinge os acrianos todos os anos.
Em visitas feitas às pessoas que se encontram desabrigadas em virtude da enchente, foi possível constatar que muitas delas já foram sorteadas para ganhar uma unidade residencial do programa minha casa minha vida, do Governo Federal. Mas, lamentavelmente, a entrega das residências que, segundo informações dos beneficiários, já estão prontas para serem entregues há muito tempo, deixam de acontecer, quem sabe, por ação ou omissão desses falsos heróis. O que remete uma parcela significativa da sociedade, a situações degradantes como a que estamos vivenciando.


Estive no bairro Rui Lino, na manhã desta segunda-feira (02/03) onde, de acordo com as informações, foram construídas 423 unidades Habitacionais para distribuir à população. Mas, segundo Greem Halgh, representante da Secretaria de Estado de Habitação e Interesse Social-SEHAB, que se encontrava no local, fazendo a vistoria das residências juntamente com os futuros moradores, serão entregues apenas 232 unidades.

Ainda de acordo com o representante da SEHAB, a entrega acontecerá após assinatura dos contratos junto à Caixa 
Econômica Federal, que ocorrerá na próxima sexta-feira (06/03), a partir das 9:00 horas.

Conversando com uma das pessoas que foram sorteados e aguarda a chave de sua casa, ela disse: “eu espero que desta vez eles (o Governo) entreguem as casas, porque de papel eu estou cheia. Se tivessem me entregado antes eu não tinha perdido quase tudo que tinha  na alagação”. Afirmou, pedindo para não ter seu nome revelado.


Não vem ao caso, neste momento difícil, criticar as ações dos governos responsabilizando-os por tragédias naturais. Mas esperamos que os ocupantes do Executivo, incorporem a solidariedade do povo acriano e assumam suas responsabilidades na conclusão das obras dos programas de habitação que certamente reduzirão os impactos causados pelas alagações. 

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