O Brasil é oficialmente um Estado laico. Ou seja, um país que, de acordo com sua Constituição, garante a liberdade de crenças religiosas aos seus cidadãos, assumindo uma posição de neutralidade no campo religioso. O que, teoricamente, assegura a proteção das manifestações religiosas sem distinção de credo.
Tal
preceito consta no Art. 5º da Carta Magna brasileira, mais especificamente, no
inciso VI, que diz: “é inviolável a
liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
e a suas liturgias”.
O
laicismo é uma doutrina que foi responsável pela separação entre Estado e Igreja
e ganhou força principalmente após a Revolução Francesa, onde ficou estabelecido
que a religião não teria mas influência nos assuntos do Estado.
No
Brasil, o laicismo tem sofrido uma série de ataques por parte dos comerciantes
da fé que se travestem de políticos e/ou pastores, cobertos com o manto da falsa
moralidade religiosa, para tentar impor suas vaidades dogmáticas ao conjunto da
sociedade. Isso se dá , principalmente, por meio de leis que interferem no reordenamento do Estado. A atuação da tal “bancada evangélica”, na atual legislatura federal,
considerada, por muitos, como a mais conservadora desde o fim da Ditadura
Militar, é uma prova disso.
A atuação intolerante, e muitas vezes preconceituosa, por parte de alguns desses agentes,
na Câmara Federal, como: Eduardo Cunha, Marcos Feliciano, Jair Bolsonaro e
outros, que usam seus mandatos como marketing pessoal para angariar dividendo
eleitoral junto à comunidade evangélica, têm influenciado outros políticos nas
assembleias legislativas estaduais a seguirem seus estilos eleitoreiros que, em
algumas situações, chegam a chocar pela inconsequência.
Um exemplo clássico dessas insanidades foi noticiado
recentemente nas redes sociais e em alguns sites de notícias onde foi divulgado que
o deputado estadual Rogério Medina (PMDB) do Espírito Santo, apresentou
um projeto de lei sugerindo a reserva de 10% das vagas para evangélicos em
concursos públicos.
Segundo foi noticiado, o argumento do brioso deputado é que
os evangélicos são vítimas de preconceito nos departamentos de recursos humanos
das empresas privadas. A noticia diz ainda que o mesmo chegou a afirmar, em
discurso, que “por sermos tementes a lei de Deus e não nos envolvermos em
maracutaias os gestores sempre optam por católicos e até mesmo umbandistas na
hora de contratar alguém”.
Ainda de acordo com a reportagem, a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil se manifestou dizendo que o projeto “é vergonhoso, preconceituoso e
fruto do oportunismo barato de pastores neopentecostais”. O que demonstra que mesmo entre os
cristãos tais práticas são condenáveis.
Citamos esse caso, apenas para ilustra
um dos vários exemplos que poderiam ser mencionados sobre os absurdos que
comprovam os reais interesses que se escondem por trás dos falsos discursos
moralistas. Esse tipo de insanidade contribui substancialmente para aquilo que
o meu amigo Lindomar Padilha chamou de “despolitização da política”, onde a
juventude e as pessoas boas perdem a fé nos políticos, nos partidos e nas demais
instituições, se afastam tanto da política partidária quanto da política grande
que transforma a sociedade. Decisão que, lamentavelmente, deixa o caminho
aberto para que os mercenários da fé possam agir livremente.
Comentários
Bom é difícil não despolitizar nessa atual conjuntura política que estamos atravessando, sempre acreditei que o estado deveria ser laico, quando falo em estado, quero dizer toda a nação mesmo, cada um tem que ter a liberdade de crença e religião!
Bom é difícil não despolitizar nessa atual conjuntura política que estamos atravessando, sempre acreditei que o estado deveria ser laico, quando falo em estado, quero dizer toda a nação mesmo, cada um tem que ter a liberdade de crença e religião!